Quer café?

Os primeiros raios de sol invadiam timidamente o quarto. O relógio não estava ao meu alcance, mas sabia que era cedo, muito cedo. Poderia até ser uma quinta-feira comum, como todas as outras, mas não era. Essa era uma quinta-feira especial, era a nossa quinta-feira. O seu perfume forte me fez despertar melhor e fez com que percebesse você ali, ao meu lado. O cabelo preto desgrenhado formava um belo contraste com tua pele branca e cara de sono.

Ao te observar percebi o quão louca havia sido nossa caminhada até esse ponto. Uma caminhada louca, cansativa, mas acima de tudo recompensaste. Um cara qualquer. Uma garota qualquer. Uma história de amor qualquer. Um amor qualquer, um amor quase clichê. Mas, mesmo assim especial.

Engraçado perceber assim tão de perto, que a sua sobrancelha esquerda possui um pequena e quase imperceptível falha. Poucos também são capazes de perceber, que seus olhos são de um profundo azul esverdeado e que você meche descontroladamente nos cabelos quando está nervoso ou envergonhado. Poucos percebem. Eu percebo.

Você acorda e sorri. Ah, esse seu sorriso. Já contei que simplesmente amo o seu sorriso? Você sorri cada vez mais e me puxa para perto, observando-me. Essa é sua maneira de dizer bom-dia. Já te contei que adoro o seu jeito bobo e sua voz rouca ao dizer bom-dia? Há muitas coisas que adoro em você, que provavelmente não saiba.

Coloco a primeira camiseta que encontro e veja só, é aquela camiseta da tua banda preferida. Você sorri novamente e afirma o quanto ela fica melhor em mim. Te chamo de bobo, rio alto e vou preparar o café. Então, você aparece. Encosta-se a entrada da cozinha, observando. Sorrio de um jeito bobo e pergunto:

- Quer café?

E então você responde:

-Eu te amo, sabia?

E naquele exato momento, tudo para. Sim, eu sabia. Você realmente amava. Você realmente me amava. E nada mais importava.